quinta-feira, 21 de julho de 2016

O íntimo que morreu, mas não deixou de viver

Nossas cartas de amor deixaram de ser íntimas há algum tempo. Não escrevemos mais por amor, escrevemos para que os outros invejem e curtam o nosso amor. 

Aquele sincero e verdadeiro "Te amo" virou um "Amo-te" rebuscado e corretamente perfeito. Aquelas cartas antigas e intimas, se tornaram grandes textos preocupados com a estética, com as vírgulas, com os pontos. Tem de tudo gramaticalmente, menos o verdadeiro sentimento na palavra. 

Não acho errado demonstrar o amor, desde que ele seja verdadeiro e não para que os outros sejam obrigados a engolir nossos grandes conjuntos de palavras rebuscados e sem verdade. 

Perdemos o íntimo!

Nossas cartas sumiram e foram substituídas por fotos com paisagens exuberantes, onde apenas a paisagem é exuberante e nada mais. Até porque os lugares pintados como um quadro são possíveis de compra, mas sentimento é algo que se brota e é impossível de construir. 

Falo isso, porque recebi uma mensagem no meu maior grau de intimidade, e fiquei emocionado. 
Não me importei com vírgulas, pontos ou concordância. Mas me importei com aquilo que estava escrito e me pareceu tão real diante do meu próprio universo livre e solitário. Ninguém escreveu "ainnn", Ownnn","fofos" ou outras coisas. 

Eu determinei que era verdadeiro. Somente eu.

No maior grau de solidão e intimidade, aquela mensagem fez com que meu universo gigantesco e cheio de espaço ficasse preenchido.

Sem comentários e sem curtidas.