Nossas cartas de amor deixaram de ser íntimas há algum tempo.
Não escrevemos mais por amor, escrevemos para que os outros invejem e curtam o nosso amor.
Aquele sincero e verdadeiro "Te amo" virou um "Amo-te" rebuscado e corretamente perfeito.
Aquelas cartas antigas e intimas, se tornaram grandes textos preocupados com a estética, com as vírgulas,
com os pontos. Tem de tudo gramaticalmente, menos o verdadeiro sentimento na palavra.
Não acho errado demonstrar o amor, desde que ele seja verdadeiro e não para que os outros sejam obrigados a engolir nossos grandes conjuntos de palavras rebuscados e sem verdade.
Perdemos o íntimo!
Nossas cartas sumiram e foram substituídas por fotos com paisagens exuberantes, onde apenas
a paisagem é exuberante e nada mais. Até porque os lugares pintados como um quadro são possíveis de compra, mas
sentimento é algo que se brota e é impossível de construir.
Falo isso, porque recebi uma mensagem no meu maior grau de intimidade, e fiquei emocionado.
Não me importei com vírgulas, pontos ou concordância. Mas me importei com aquilo que estava escrito
e me pareceu tão real diante do meu próprio universo livre e solitário.
Ninguém escreveu "ainnn", Ownnn","fofos" ou outras coisas.
Eu determinei que era verdadeiro. Somente eu.
No maior grau de solidão e intimidade, aquela mensagem fez com que
meu universo gigantesco e cheio de espaço ficasse preenchido.
Sem comentários e sem curtidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário