quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Tinha que ir, mas não fui

- Eu tenho que ir!
Era o que a minha cabeça sempre dizia em qualquer situação.Talvez seja por que eu sempre fui acostumado com partidas.
Quando pequeno minha avó me deixou, logo o meu avô e depois a minha outra vó. Teve também um episódio em que a minha madrinha, que tivera me acostumado com presentes caríssimos e pouco amor, teve que partir. Sumiu e nunca mais voltou! 
Grandes amigos tiveram que partir também. Um ficou na Europa, outro mudou de cidade, um não se encontrou mais e o outro se foi, da mesma forma que os meus avôs se foram.
Eu fui acostumado com "Tudo que é bom também acaba".
Mas dessa vez, eu não estou dando atenção para aquela voz que insiste em dizer: - Eu tenho que ir!
Ando meio rebelde quanto a isso. Já não acredito que tudo tem que acabar. Eu tento lutar contra esse pensamento de que tudo tem que ir embora.
Em 2005, eu vivia o segundo melhor momento da minha vida até hoje. Morava na Inglaterra, em uma cidadezinha chamada Newquay. Eu estava feliz, tinha me encontrado, sabia do que eu gostava e mesmo assim diante daquela paisagem exuberante, a minha cabeça dizia: - Eu tenho que ir! 
Eu sabia que uma hora aquela felicidade iria acabar e não fiz nada para evitar que chegasse ao fim e apenas obedeci o que a minha cabeça insistia em me dizer. Eu tive que ir, assim como as pessoas que eu gostava tiveram que ir, assim como o meu gatinho, que me acordava toda manhã, teve que ir também. Eu fui e não fiz nada para evitar, até porque "tudo que é bom acaba também".
Hoje, diante do melhor momento da minha vida, o pensamento do " Eu tenho que ir" insiste em me assombrar, mas existe um problema. Dessa vez, eu não estou nenhum pouco afim de ir, eu quero ficar! Eu quero quebrar a escrita e provar que o "Tudo que é bom pode durar para sempre". 
Eu estou disposto a enfrentar todos os dias, o conformismo da partida com a vontade de eternizar a felicidade desse momento maravilhoso e único da minha vida.
- Eu tenho que ir! disse a minha cabeça.
E eu respondi: - Eu posso até ir, mas dessa vez eu só vou acompanhado da mulher que mudou a minha vida.

A partir daí, a minha cabeça nunca mais falou no singular

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