- Eu tenho que ir!
Era o que a minha cabeça sempre dizia em qualquer situação.Talvez
seja por que eu sempre fui acostumado com partidas.
Quando pequeno minha avó me deixou, logo o meu avô e depois
a minha outra vó. Teve também um episódio em que a minha madrinha, que tivera
me acostumado com presentes caríssimos e pouco amor, teve que partir. Sumiu e
nunca mais voltou!
Grandes amigos tiveram que partir também. Um ficou na
Europa, outro mudou de cidade, um não se encontrou mais e o outro se foi, da
mesma forma que os meus avôs se foram.
Eu fui acostumado com "Tudo que é bom também
acaba".
Mas dessa vez, eu não estou dando atenção para aquela voz
que insiste em dizer: - Eu tenho que ir!
Ando meio rebelde quanto a isso. Já não acredito que tudo
tem que acabar. Eu tento lutar contra esse pensamento de que tudo tem que ir
embora.
Em 2005, eu vivia o segundo melhor momento da minha vida até
hoje. Morava na Inglaterra, em uma cidadezinha chamada Newquay. Eu estava
feliz, tinha me encontrado, sabia do que eu gostava e mesmo assim diante
daquela paisagem exuberante, a minha cabeça dizia: - Eu tenho que ir!
Eu sabia que uma hora aquela felicidade iria acabar e não
fiz nada para evitar que chegasse ao fim e apenas obedeci o que a minha cabeça
insistia em me dizer. Eu tive que ir, assim como as pessoas que eu gostava
tiveram que ir, assim como o meu gatinho, que me acordava toda manhã, teve que
ir também. Eu fui e não fiz nada para evitar, até porque "tudo que é bom
acaba também".
Hoje, diante do melhor momento da minha vida, o pensamento
do " Eu tenho que ir" insiste em me assombrar, mas existe um
problema. Dessa vez, eu não estou nenhum pouco afim de ir, eu quero ficar! Eu
quero quebrar a escrita e provar que o "Tudo que é bom pode durar para sempre".
Eu estou disposto a enfrentar todos os dias, o conformismo
da partida com a vontade de eternizar a felicidade desse momento maravilhoso e
único da minha vida.
- Eu tenho que ir! disse a minha cabeça.
E eu respondi: - Eu posso até ir, mas dessa vez eu só vou acompanhado
da mulher que mudou a minha vida.
A partir daí, a minha cabeça nunca mais falou no singular
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