domingo, 16 de fevereiro de 2014

A lona do picadeiro

Nos dias de clássicos de futebol, o acordar já se torna diferente. Em dias de Palmeiras e Corinthians, o maior derby do Brasil e um dos maiores do mundo, o sono não é tão profundo e nem tão revitalizante assim.

E não me pergunte por que isso acontece, até porque eu não saberei te responder.

Sim, eu sei que enquanto nós gritamos aqui, eles recebem milhões dali.

 Eu sei, que enquanto as lágrimas escorrem pelo rosto do perdedor, uma festa está sendo programada entre os jogadores dos dois times. Sim, eu sei de tudo isso e mesmo assim o meu sono não consegue ser profundo.

 Volto a dizer, não há explicação para esse clássico e muito menos palavras que o defina de maneira satisfatória.

Até porque Em dias como esse, eu consigo entender de maneira clara, a política do pão e circo, que igual a lona do picadeiro protege de maneira exagerada a facilidade de manipular uma nação cegamente apaixonada por um esporte. Somente em dias como esse, o futebol deveria ser livre, apaixonante, frustrante, alegre, respeitoso, verdadeiro e lúdico como os palcos de teatro.

Doa a quem doer, ganhe quem ganhar, mas que essa dor nunca ultrapasse o ringue delimitado por quatro linhas, onde os guerreiros de verdade lutam para satisfazer a sua grande população.

Só em dias de Palmeiras e Corinthians, o mundo deveria parar por alguns minutos para que algumas pessoas consigam entender o que realmente acontece naqueles cinco mil e quatrocentos minutos da maior batalha do Brasil.

Sem mais.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Carta aberta ao céu

O tempo foi passando e a dor amenizando.
Sim, eu sei o coração foi confortando.
Talvez, o tempo tenha sido ingrato e fez com que a sua imagem quase desaparecesse da minha cabeça, mas nunca apagará o meu coração.

Os anos se passaram e o seu jeito foi ficando.
Você era tão grande,  e de tão grande que era, ainda se faz presente, quase que diariamente,  em todos os locais visitados.

Em cada copo de cerveja, no meu carro, no seu carro, na quadra, nos bares, nas brigas entre eu e você, nas pazes entre nós, nos conselhos, segredos, no afastamento, no encontro, no desencontro e na despedida, onde só nós poderíamos estar naquele momento e naquela hora.

Acho que desde daquele dia, eu não deixei de pensar em você um dia sequer.

Hoje não sofro mais por não ter você por perto, sofro por não conseguir aprender aquilo que somente você sabia me ensinar, mesmo quando eu não tinha vontade nenhuma de aprender.

Sinto falta da coragem, do coração gigantesco, da rebeldia, do orgulho, da humildade, da atenção, da falta dela, do respeito, do desrespeito, da consideração, da amizade, da fidelidade, do perdão, do abraço, do sonambulismo, do amor, do desamor, do sorriso, da tristeza...

Na verdade, meu caro irmão, eu aprendi a lidar com a presença que a sua ausência nos deixou.
Me perdoe, como tantas vezes perdoou, pelas lágrimas que escorrem pela minha face neste momento.

Eu só tinha intenção de dizer que você faz falta e que mesmo ausente ainda preenche os meus momentos de solidão.